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segunda-feira, 23 de maio de 2005

O Asco da Imprensa

É impossível percorrer uma qualquer gazeta, seja de que dia for, ou de que mês, ou de que ano, sem aí encontrar, em cada linha, os sinais da perversidade humana mais espantosa, ao mesmo tempo que as presunções mais surpreendentes de probidade, de bondade, de caridade, a as afirmações mais descaradas, relativas ao progresso e à civilização.
Qualquer jornal, da primeira linha à última, não passa de um tecido de horrores. Guerras, crimes, roubos, impudicícias, torturas, crimes dos príncipes, crimes das nações, crimes dos particulares, uma embriaguez de atrocidade universal.
E é com este repugnante aperitivo que o homem civilizado acompanha a sua refeição de todas as manhãs. Tudo, neste mundo, transpira o crime: o jornal, a muralha e o rosto do homem.
Não compreendo que uma mão pura possa tocar num jornal sem uma convulsão de asco.
Charles Baudelaire, in Diário Íntimo

2 Comments:

Blogger A digestora metanóica disse...

Já conhecia esse texto do Baudelaire, mas foi bom relê-lo aqui, hoje, agora...
Parabéns, mais uma vez, pelo blog sempre crítico e artístico. Você mescla muito bem as duas coisas.
Abraços

24/5/05 00:06  
Blogger Ricardo Dias disse...

Obrggg!

24/5/05 09:25  

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