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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sartre - "Uma pequena bola de pêlo e tinta"

(...) A verdade é que, tal como Rousseau, Sartre não conseguiu ter qualquer tipo de coerência e consistência nas suas ideias políticas. Não houve um corpo doutrinal que lhe tivesse sobrevivido. No fim - e, uma vez mais, à semelhança de Rousseau -, nada mais deixou que um vago desejo de pertencer à esquerda e ao campo da juventude. O declínio intelectual de Sartre que, afinal, de contas, parecia, a certa altura, ter-se identificado com uma filosofia de vida apelativa, embora confusa, foi particularmente espetacular. Mas há um grande sector, entre as pessoas cultas, que exige líderes intelectuais, por mais insatisfatórios que sejam. Apesar das suas enormidades, Rousseau foi muitíssimo celebrado por altura da sua morte e depois dela. Sartre, outro monstre sacré, teve um funeral magnífico com a presença da toda a intelectualidade parisiense. Mais de 50000 pessoas, a maior parte delas jovens, seguiram o féretro até ao cemitério de Montparnasse. Para conseguirem ver melhor, algumas delas treparam às árvores. Uma delas caiu, estatelando-se precisamente em cima do caixão. A que causa queriam prestar homenagem? Que fé, que luminosa verdade queriam celebrar com a sua presença em massa? Bem podemos perguntá-lo.

JOHNSON; Paul; Intelectuais

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