Produção trampolim para a carreira de David Fincher, que se transformou também num dos filmes de Culto dos anos 90. Contra-óbvio e com desfecho de murro no estômago, imagem de marca que grassa na maioria dos filmes de Fincher, tem aqui a encarnação mais sórdida e bem conseguida. A película é de forma pouco óbvia uma crítica contemporânea, à apatia do individuo moderno, da sua vida de plateia e nunca de palco, na indiferença generalizada em relação ao horror ubíquo transmitido pelos media como semblante do Mundo.
O filme é embebido de um tal espírito inusitado, que tudo no seu ambiente parece suscitar um aura de negativismo imanente; as cidades são anónimas, despersonalizadas, num limbo ainda mundo e habitável, de um feio intencional onde as pessoas suportam, atrofiam e resignam-se a uma vida de vã esperança.
Neste conto, a história gira em torno de um assassino em série, que comete um conjunto deplorável de homicídios, baseados nos sete pecados mortais, uma espécie de contra-herói culto, que solto na multidão, tenta expiar os seus pecados e os dos seus semelhantes, esta obsessão, por ironia do destino, irá-o transformar no algoz de si próprio, de forma brilhantemente premeditada. O Fim, não se conta.
O que o demarca dos restantes e por possível comparação:
Algo ética e artisticamente superior a O Silêncio dos Inocentes, que recusa explorar o sofrimento para fins cómicos ou recreativos, e noz faz perguntar em que mundo estamos a viver.
Steven Jay Schneider, 1001 FILMES; Para Ver Antes De Morrer
Notas dignas de registo, o filme inicialmente tinha um final muito mais trágico, que o público da ante-estreia chumbou. O filme foi escrito por um caixa da Tower Records (Andrew Kevin Walker) que por sorte foi notado por Fincher.
O filme é para ver e rever, redundante é escrever mais sobre ele.