A existência, per si de De Niro e Al Pacino num mesmo Filme é garante de qualidade, mas quando o Filme em si, supera o elenco, (à revelia de uma grande raridade) entra nas categorias das Obras Primas.
Um Polícia e um Criminoso que persegue obsessivamente, se deparam um com outro. Há uma pausa tensa, e então o criminoso quebra o gelo com o convite clássico: "Café?"
L.A. Takedown (1987), Telefilme de Michael Mann
A quase cópia desta cena, aparece novamente em Heat, realizado por Michael Mann, em 1995, o filme que cultiva um merecidíssimo exército de fãs, conta-nos a História de Vincent Hanna (Pacino), um polícia de Los Angeles, que após um sangrento assalto a um banco, dá início a uma perseguição sem tréguas ao bando liderado pelo mestre do crime Neil McCauley (De Niro), um homem tão astuto quanto ele e com o qual cria uma relação de admiração e quase respeito, pelo seu labor de off law.
A busca de inspiração para a realização da película, foi colhida em factos reais de um Detetive de Chicago, estando uma das melhores cenas do filme com origem patente num facto ocorrido na vida real.
Michael Mann made the movie as tribute to a detective friend of his in Chicago who obsessively tracked and killed a thief (named Neil McCauley) he had once met under non-violent circumstances.
A Pretensão conseguida, por parte do realizador, de explorar a relatividade do Bem e do Mal, separa este filme dos congéneres, retratando a vida moderna de forma magistral, pela rica caracterização das personagens e das suas dependentes famílias, o que leva a uma afinidade, inaudita na maioria dos filmes, a simples simpatia pelo lado do mal, aqui tão magistralmente representado. Na sua exploração da família e a anexa intimidade, abordando um tema fundamental na ficção noir:
O perigo de criar laços com outra pessoa, e de a ter de largar por eventuais situações de "profissionalismo".
Estes ditos Profissionais, são casados com o seu trabalho desagradável (e não com as suas companheiras sofridas), estoicos, individualistas, orgulhosos e na sua determinação reside um esplendor sublime, ao qual Michael Mann presta vassalagem.
Mann, combina um estilo pomposo e épico, com uma atenção maníaca ao detalhe realista, que dá origem a cenas inesquecíveis, como um assalto ao banco/tiroteio na rua, que dá origem a uma batalha campal, num centro de uma cidade.
A totalidade dos diálogos não deixa respirar banalidades, as personagens são Poéticas, Eloquentes, Sagazes quando necessário, não se deixando prender em Cliches, tudo isto fundido com um fundo/cidade, num poema de amor ódio a L.A., onde reinam Higways, Smog, Street Smarts e imanente amor pela adrenalina.
As with his other works, [Mann] binds sound, music and pictures into one
hypnotic triaxial cable and plugs it right into your brain. He makes this
almost-three-hour experience practically glide by.
in, Washington Post Desson Thomson