um-ponto-de-fuga-banner

sexta-feira, 29 de julho de 2005

Espaço Gestáltico VS Espaço Fenomenológico

Definir a expressão num contexto Gestáltico é fazer referência sobretudo aos dados estruturais percetivos do objeto, mais precisamente aos dados que o cérebro lê de antemão, com os quais vai criar uma imagem integral do objeto. Deste modo, os objetos nunca dependem da sua realidade, mas sim de esquemas apriorísticos que constituem princípios primários comuns a psique humana. Compreende-se desta forma que a expressão do objeto arquitetónico se situa na síntese das qualidades geométricas, cor, luz, som e textura modificáveis pelo ambiente onde se inserem. Por vezes esta força é tal, que retemos a sua síntese do aspeto expressivo do objeto e não conseguimos segregar as suas propriedades individuais ou aspetos parcelares.
O Platónico Pavilhão de Barcelona, de Mies Van Der Rohe, na foto ao lado, com as suas linhas e planos de ilusão constituem esquemas mentais a priori, cuja compreensão é realizável em abstrato.

A expressão Fenomenológica, recusa a nossa memória intuitiva e apriorística, e foca o papel determinante do ambiente exterior em influenciar a essência humana. Esta perceção constitui uma tentativa de reunir a sensibilidade e o julgamento subjetivo num só conceito, são a nossa experiência do real, rigorosamente o que apreendemos pelo olhar. O espaço já não é compreendido por uma funcionalidade, ou por uma conceção objetiva comum à psique humana, que se realiza fora do real, mas sim algo com carácter e valor de lugar, a valorização do Genius Locci radica aqui mesmo.
A Casa Shodan de Le Corbusier, não é o Macdonals Standart/Global, é filha do espaço e do ambiente que ocupa, determinada pela estações e o ciclo solar dos dias, é uma casa indiana, terrena com as suas ventilações naturais e as suas transparências, é um entendimento do lugar e da sua emoção anexa, uma extensão do próprio carácter do local.

Conteúdo Teórico do excelente "Victor Consiglierim, A Morfologia da Arquitectura"

Trepanação (2)

Para um definição profunda e alegórica ver este post no Linha Dos Nodos.

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Le Corbusier + Einstein

Eureka, Teoria da Relatividade e Modulor, lado a lado, le corbusier sempre teve um ar campónio, um incompreensível anti-fashion dada a sua profissão e gosto por artes afins.
Using such a system of commensurate measurements Le Corbusier proposed that architects, engineers and designers would find it relatively simple to produce forms that were both commodious and delightful and would find it more difficult to produce displeasing or impractical forms. After listening to Le Corbusier's arguments Albert Einstein summarised his intent as being to create a "scale of proportions which makes the bad difficult and the good easy."

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Trepanação

Image hosted by Photobucket.com
Trepanação:

-substantivo feminino;
-operação cirúrgica para retirar uma parte de um osso, geralmente da caixa craniana;
Elaborado por uma amiga, (mais uma, é verdade!) com pretensões de Designer, sim pretensões, porque até lá ainda vai ter que subir muito na vertical.
Campo, Forma e Estrutura... componentes de Teoria do Design cuja aplicação é nula na maioria dos trabalhos, por isso é que o Design será sempre uma laboração no feminino, é tudo deleite estético, simulação e escamoteação das fraquezas, em tudo semelhante as mulheres.

Curved Wall

Image hosted by Photobucket.com

Bearclaw Rocking The Curved Wall at Monster Park, BikeMag.com

Sinceridade Proscrita

A verdade permanece sepultada sob as máximas de uma falsa delicadeza.
Chama-se saber viver à arte de viver com baixeza. Não se põe diferença entre conhecer o mundo e enganá-lo; e a cerimónia, que deveria ater-se inteiramente ao exterior, introduz-se nos nossos costumes mesmos.A ingenuidade deixa-se aos espíritos pequenos, como uma marca da sua imbecilidade. A franqueza é olhada como um vício na educação. Nada de pedir que o coração saiba manter o seu lugar; basta que façamos como os outros. É como nos retratos, aos quais não se exige mais do que parecença. Crê-se ter achado o meio de tornar a vida deliciosa, através da doçura da adulação.
Um homem simples que não tem senão a verdade a dizer é olhado como o perturbador do prazer público. Evitam-no, porque não agrada; evita-se a verdade que anuncia, porque é amarga; evita-se a sinceridade que professa porque não dá frutos senão selvagens; temem-na porque humilha, porque revolta o orgulho que é a mais cara das paixões, porque é um pintor fiel, que faz com que nos vejamos tão disformes como somos. Não há por que nos espantarmos, se ela é rara, é expulsa, proscrita por toda a parte. Coisa maravilhosa: só a custo encontra asilo no seio da amizade! Seduzidos sempre pelo mesmo erro, não fazemos amigos senão para dispormos de pessoas particularmente destinadas a comprazer-nos, a nossa estima acaba com a sua complacência; o termo da amizade é o termo dos agrados. E tais agrados que são? Que é o que nos agrada mais nos nossos amigos?
São os contínuos louvores, que deles recolhemos como tributos.
Baron de Montesquieu, in Elogio da Sinceridade

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Larkin Building, F.L. Wright

Image hosted by Photobucket.com

F.L. Wright, Larkin Building, New York

Tricky "Homónimo"

Acesas discussões em torno do que geralmente se considera música de génio redundam em nadas, porque existe sempre um imbecil que sai com o lugar comum em forma de palavras "gostos não se discutem", não é necessário ter uma formação em artes para compreender a falsidade minimal da resposta, para evitar isso, dedelho pela internet a procura de estatísticas, reviews e coisas mais que atestem uma tendência da crítica musical.
Esta coisa à esquerda, esta sleeve, tem exatamente 10 anos, o seu conteúdo musical não tem precedentes de forma patente. Para abalar a coisa, conta-se que foi engendrado por um negro rabugento, avesso a entrevistas, perito em samples, caixas de ritmos e Hip-Hop... que felizmente foi expulso dos Massive Attack.
After all, there's so much going on here -- within the production, the songs, the words -- it remains fascinating even after all of its many paths have been explored (which certainly can't be said of the trip-hop that followed, including records by Tricky). And that air of mystery that can be impenetrable upon the first listen certainly is something that keeps Maxinquaye tantalizing after it's become familiar, particularly because, like all good mysteries, there's no getting to the bottom of it, no matter how hard you try.