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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O concurso radiofónico e o computador

(...) A mecânica do concurso radiofónico: em princípio é a exploração por meio de perguntas da definição de determinado verbo (equivalente do "fulano", significante flutuante ao qual se substitui por reconstituição seletiva o significante específico). Portanto, em princípio, trata-se de aprendizagem intelectual. Na realidade, descobre-se que, salvo raras exceções, os participantes se mostram incapazes de formular verdadeiras perguntas: interrogar, explorar e analisar incomoda-os. Partem da resposta (tal ou tal verbo que têm na cabeça) para deduzirem a pergunta, que se reduz à estruturação em forma interrogativa da definição do dicionário (ex:"Será que "tirlipot" significa pôr fim a qualquer coisa?" Se o orientador do certame diz: "Sim, de certa maneira"; ou até apenas: "Talvez... em que é que está a pensar?" Resposta automática: "terminar" ou "acabar"). Nada mais nada menos que o método do topa tudo, que experimenta os parafusos um após o outro para ver se a coisa anda, método de exploração rudimentar de ajustamento por tentativas e erros sem investigação racional.
O computador: idêntico princípio. Não há aprendizagem. O miniordenador faz perguntas e, para cada uma, apresenta o quadro de cinco respostas. Seleciona-se a resposta justa. O tempo também conta: se se responder instantaneamente, obtém-se o máximo de pontos e ganha-se o "campeonato". Não se trata, portanto, de tempo de reflexão, mas de tempo de reação. (...)

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